REGISTROS

Sarau do Filizzola. Clique na imagem para ver apresentação de Lucas Montese e outros artistas.
Com Nildon Sena no Espaço Suricato – 2015
Com Eduardo Filizzola em Nova Lima – Encontro de artistas – 2015
Em Nova Lima – Sarau do Filizzola – 2015
Com o violeiro Paulo Mourão no Sarau do Filizzola – 2015
Com o violoncelista Cid Ornellas e o violonista Cadinho Farias no Studio Sonics – 2016
No Studio Sonics com as cantoras Lívia Tucci e Sirlene Salvador – 2017 (foto original da capa)
No Centro Cultural Padre Eustáquio, participação no Evento “Feira da Poesia” com o tema “Geraldo Vandré e os anos de 1960” com apresentação de Dalva Silveira, Doutora em Ciências Sociais. Em 24/11/2017.
Show no Velho Chico Bar e Show no Palácio das Artes – Matéria Jornal Hoje em Dia.
Coluna Elton Bois – Jornal Estado de Minas.
Show no Centro de Cultura Belo Horizonte – Matéria Jornal Hoje em Dia.
Show no Centro de Cultura Belo Horizonte – Matéria Jornal Estado de Minas.
Show do compositor Rui Montese no Espaço Cultural do SIMPRO-MG com a cantora Patrícia de Assis, acompanhados dos músicos Reinaldo (violão), Orlando Soares (sax e flauta) e Tonico (percussão). Produção: Orlando Arcanjo.

Blog do Montese

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Manhã Linda de Sol

Minha Manhã em Prosa e Verso

Há  certos momentos em que a vida se faz mais  presente  e nós a sentimos com mais fervor. É o momento em que o poeta  colhe uma  inspiração,  o jardineiro admira seu jardim, o  filósofo  se compara  as estrelas e desliza suavemente seu pensamento para  um riacho  tímido que, humildemente, contorna as pedras. Como se  se sentisse tão grande e tão distante dos homens ao apreciar  coisas tão  pequenas. É o amor que se faz notar no gotejar da  água  que escapa  de um cano. Talvez por lembrar as batidas do  coração  ou simplesmente  a ideia de movimento e quem sabe senão  a  sensação de  liberdade. É o amor que se faz notar na manhã que poderá  ter sido  mais  bela,  porque  o que a caracteriza  é  justo  a  sua presença,  surgindo com um bocejar quentinho, anunciando:

“Estou aqui”.

Já sou filho desta manhã e sinto despertar em mim o poeta, o  jardineiro,  o filósofo… Embebido neste paroxismo  afasto  a imagem  de  filho  e  me atrevo em colocar-me  a  sua  altura.  E exclamo:

               Manhã linda de sol
               Eu saí pra te ver
               Manhã linda de sol
               Quero casar com você

E  ela  me confessa, naquele cheirinho de  terra  molhada, enquanto eu ainda dormia, ter-se fechado em pranto. Eu a consolo:

               Manhã linda de sol
               Se te vejo chover
               Manhã linda de sol
               Só me vejo sofrer

E  me lembro daquela longa temporada de inverno quando  me sentia  prisioneiro, prisioneiro da chuva. Mas, não  negava  sua utilidade.   E  pensava:  esta  chuva,  ainda  que  fria,   quase intolerável, que cai como soldados cercando um Forte e arrasta na leve enxurrada a esperança de rever o sol, cessará por fim e  ela mesma fará florescer uma linda primavera e mais linda no  momento em que surge. E outros invernos virão e outras primaveras também, estou  sempre  pronto a recebê-los. Sonho com o futuro  e  amo  o presente. Belo é caminhar numa estrada e fitar o  horizonte, mais  belo e confortante é notar que  existem  flores  no caminho. Em meio a esta divagação outros versos nascem:

               Manhã linda de sol
               Quem me vê com você
               Pensa que estou sozinho
               Pois não pode entender
               Que tenho seu carinho

               Manhã linda de sol
               Nosso véu é o céu
               Nossa lua é de mel
               Nossa vida é ao léu

Acabo de fazer uma poesia e me delicio em repetir  aqueles versos.  Eis  que,  um  vil pensamento  numa  frase  me  corta  a garganta:  -Neste mundo de números e máquinas:

“Somente os  ociosos têm  tempo  para  divagações”. (Lembro do Pequeno Príncipe de Saint-Exupéry)

Se esta poesia  e  outras  não  se converterem  em  dinheiro nada valerão. Mas, um pensamento  mais incisivo  me  enaltece:

O verdadeiro valor de um  poeta  está  na grandeza  de  sua imaginação e não no ouro que a reflete.

Mais uma vez Saint-Exupéry me vem à memória:
“Na verdade quem luta apenas na esperança de bens materiais não colhe nada que valha a pena viver”.

O  passado é o rastro de uma bagagem adquirida, se  amanhã eu  morrer  não vai me faltar o peso das relações  humanas  e  já terei  adquirido  muita coisa e muitos serão os que  seguirão  os meus passos e isto me traz a certeza:

Não morrerei vazio.

Rui Montese

Festival de Artes e Cultura da Reforma Agrária -Serraria Souza Pinto, Belo Horizonte/MG – 2016

https://gramho.com/media/1637452766875245462 Crédito: @ladanfoto
Registro: LADANFOTO

Reformação

Não, não pode ser irmão
De quem quer te jogar no chão
Se te puxa te arranca o braço
E te chucha o coração

Tava eu na minha gleba
Bem cuidando do roçado
Quando veio lá da cidade
Tanto mal desenfreado

Plantei, rocei
Feijão e trigo
Já guerriei
Por meu abrigo

Deixei a casa
Com cinco fio
Pra minha dona
Só disafio

Perdi a faca
Corri pro rio
Entrei na mata
Morri no trio

Com força braba
Me esquartejaro
Furaro os óio
E me rasgaro

Autor: Rui Montese