Tristeza e Alegria

Tristeza e alegria
Palavras que andam de parceria
Ambas são o traçado do nosso caminhamento
Uma busca a euforia
A outra cede ao sofrimento

É como o açúcar e o sal
Tudo com excesso é prejudicial
Ou tu ficas diabético
Ou tu viras bacalhau
               
Poesia é o tempero
O sabor da vida
Ela que nos leva a afinar e refinar
A arte nobre de viver
       
São esses ingredientes bem dosados
Uma pitadinha de tristeza
Uma pitadinha de alegria
Pronto: poesia
               
É como afinar violão
Onde o diapasão é a atitude divina
Mas não te preocupes meu amigo
Não é preciso ser poeta
Para entender dessas coisas
               
Um dia tu acertas
A própria vida te ensina
Dotada de uma providência imensa
Nos aceita, nos conduz
E nos fascina

Rui Montese

Poema do Mineiro

Conhecedor do solo profundo
Vai galgando pelo mundo
Cada pedra do caminho

De vazante a jusante
Coração fecundo
Céu aberto, arfante
Do ninho ostenta
A mais preciosa
Flor majestosa, cristalina em tudo

Ao cume voz estradeira
Chega logo alvissareira
Ao peito desse amigo de jornada

Não por prêmio costumeiro
Por medalha ou dinheiro
Mas, para ser mais companheiro
Em cada nova escalada

Dá conta do que te afronta
E volta de ponta a ponta
Ao leito dessa estrada

Ao se ver entrelaçado
De rochas por todo lado
Pesquisa com maior cuidado
Textura, dureza, clivagem

E vai ver, da sua imagem
Reflete maior beleza
De um tesouro que rola, cada vez mais fundo
Com toda sua riqueza

Que não reluz para quem o procura
Apenas, espera, onde encerra
Que seja encontrado

Rui Montese

Flertando no Bar

Meninas singelas
Cabelos cacheados
Ambas tão belas
Perfis aquilinos
Lábios rosados

Pudéssemos nós, poetas
Revermos esta imagem
Estaríamos tão certos
De não ser miragem
       
Cantaríamos a beleza
Com tanta emoção
Que elas teriam a certeza

De terem flechado
Com olhar refinado
E sorriso faceiro
Os corações de dois bandoleiros

Rui Montese